Comunicado de imprensa, 13.03.2009

Abastecimento sustentável de água para Brasília

O UFZ apresenta um novo projeto de gestão de águas na Feira e Congresso sobre o mercado de tecnologias sustentáveis ECOGERMA em São Paulo (Brasil)

Leipzig/Brasília/São Paulo, Março de 2009. A colaboração técnico-científica entre a Alemanha e o Brasil tem uma boa tradição de quase 40 anos. Isso é o que acentua a Feira e Congresso sobre o mercado de tecnologias sustentáveis ECOGERMA, que decorre, de 12 a 15 de Março de 2009, em São Paulo, e foi inaugurada em conjunto pela Ministra da Pesquisa alemã Annette Schavan e pelo Ministro da Ciência e Tecnologia brasileiro Sérgio Machado Rezende. Cientistas do Helmholtz-Zentrum für Umweltforschung (UFZ) apresentam no estande comum do Governo Federal, entre outros, um projeto alemão-brasileiro, que foi iniciado oficialmente quase uma semana antes na presença do Governador de Brasília, José Roberto Arruda, e do representante do Embaixador Alemão no Brasil, Hermann Sausen: IWAS Água DF. A sigla IWAS significa Internationale WasserforschungsAllianz Sachsen (Aliança Internacional de Investigação Hidrológica na Saxónia).

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Mais de 90 por cento da água potável no Distrito Federal são hoje obtidos da barragem do Rio Descoberto, situada a 25 km de Brasília, e do Rio Paranoá.
Photo: Patricia Roeser/UFZ

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Sob a inclusão de parceiros regionais e internacionais da investigação e da indústria, o UFZ e a Universidade Técnica de Dresden pretendem desenvolver com IWAS soluções com sistemas adaptados para os respectivos problemas relacionados à água em cinco regiões modelo do mundo: América Latina, Europa Oriental, Ásia Central, Sudeste Asiático e Médio Oriente. Sob a coordenação do UFZ e da UT Dresden, e em cooperação com colegas da Universidade de Brasília, bem como do organismo regional de abastecimento e saneamento de água CAESB, IWAS Água DF tem por objetivo desenvolver um sistema de gestão de água para Brasília. O projeto é fomentado pelo Ministério Federal da Educação e Investigação (BMBF); os parceiros do projeto têm à disposição quase um milhão de euros, para já até ao fim de 2010.

Brasília, a capital do Brasil, foi fundada em 1960. A cidade que cresceu do solo dentro de quatro anos está situada no Distrito Federal do Brasil, do qual hoje fazem parte 18 cidades satélite, que em parte se desenvolveram a partir de quarteirões de trabalhadores, mudanças (forçadas) ou reinstalações. Nas últimas cinco décadas, a população na região metropolitana cresceu a uma velocidade incrível. Enquanto em 1950 lá viviam 36.000 pessoas, hoje o número é quase 70 vezes maior, com cerca de 2,5 milhões de habitantes numa área de 5822 quilómetros quadrados. O Distrito Federal não é uma área urbana coesa, mas sim, com a sua densidade populacional bastante baixa e as áreas agrárias dominantes, mais comparável com um estado federal pequeno - tem o dobro do tamanho do estado federal alemão Saarland. Brasília encontra-se no planalto central do interior do país a 1158 metros de altura e na zona climática tropical. A temperatura média anual da cidade equivale a 20,7 graus célsius, com um total de precipitação anual de 1555 milímetros. Os valores médios mensais da temperatura praticamente não variam. Apesar destas precipitações anuais elevadas, as diferenças pronunciadas entre a estação das chuvas e a estação seca provocam problemas sazonais no abastecimento de água.

As consequências deste crescimento vertiginoso da população e das alterações climáticas vão levar, nos próximos anos, a um déficit entre a oferta e a procura de água potável. Mais de 90 por cento da água potável no Distrito Federal são hoje obtidos da barragem do Rio Descoberto, situada a 25 km de Brasília, e do Rio Paranoá. Segundo cálculos da CAESB, que se baseiam num consumo atual per capita com um crescimento invariável da população, no ano de 2010 a quantidade de água atualmente produzida já não conseguirá cobrir a demanda. Por este motivo, é necessário desenvolver concepções baseadas em cenários para assegurar o abastecimento de água em Brasília. Para isso é necessário considerar todos os aspectos, desde a economia e a exploração de novos recursos hídricos em lençóis freáticos e em águas de superfície até à utilização de águas residuais tratadas. "Uma mera solução de estação espacial, nomeadamente o tratamento para transformar águas residuais em água potável, é perfeitamente ilusória para uma metrópole de milhões", diz Holger Weiß, coordenador do projeto do UFZ. Por isso, parceiros alemães e brasileiros do projeto dos sectores científico, económico e político reuniram-se, de 2 a 11 de Março, em Brasília, no âmbito de um workshop, e traçaram os primeiros planos para os dez grupos de trabalho. Quais são os cenários climáticos para o Distrito Federal e que consequências regionais são de esperar? A que uso dos solos e a que alteração do uso dos solos está sujeita a região? Como são o ciclo hidrológico e o balanço hidrológico global de Brasília? Que recursos podem ser explorados adicionalmente com que condições? Que funções têm solos e sedimentos e como interagem com as águas de superfície e os lençóis freáticos? Como é a qualidade dos recursos hídricos e da água potável? As capacidades e os rendimentos das estações de tratamento de águas residuais são suficientes? Como se pode modelizar o balanço hidrológico e desenvolver cenários? Que dados e informações são necessários para isso? O objectivo do projeto IWAS Água DF consiste num sistema de gestão integrada de recursos hídricos (IWRM - Integriertes Wasserressourcen-Management) para Brasília que, além de possibilidades de solução técnicas, também deverá incluir concepções melhoradas da política da água e apoios à tomada de decisão. O tempo urge; já no próximo ano terão que fluir os primeiros resultados de investigação no melhoramento do abastecimento de água potável.

O interesse internacional no know-how de água alemão é grande. A união em IWAS de excelentes competências regionais pelo setor da água mostra exemplarmente como as competências da investigação hidrológica alemã regionais e pontualmente fortes em termos temáticos, embora também muito fragmentadas, podem ser unidas num endereço para responder a questões políticas, econômicas e científicas com maior objetividade e mais eficiência. Outro exemplo disso é a Aliança de Água da Região Metropolitana de Stuttgart (WAMS - Wasser-Allianz Metropolregion Stuttgart) - uma união de competências entre o UFZ e peritos em água do centro de competência "Environmental Science and Technology" (Universidades de Stuttgart, Tübingen e Hohenheim). O objetivo aqui consiste em melhorar a compreensão do processo de correntes de substâncias no ciclo hidrológico, bem como em desenvolver estratégias de monitorização, modelização e gestão. Outras alianças regionais no âmbito da investigação hidrológica, cada uma com um Instituto Helmholtz como parceiro, deverão seguir.
Doris Böhme

Mais informações técnicas:

Prof. Holger Weiss
Helmholtz Centre for Environmental Research - UFZ
Phone +49 341-235-1253
holger.weiss@ufz.de

or

Helmholtz Centre for Environmental Research - UFZ
Centro de imprensa UFZ
Doris Böhme
Phone +49 341 235 1269
presse@ufz.de

Links:

IWAS Initiative
www.iwas-initiative.de

No Helmholtz-Zentrum für Umweltforschung - UFZ os cientistas investigam as causas e as consequências das extensas alterações do ambiente. Ocupam-se com recursos hídricos, diversidade biológica, consequências das alterações climáticas e possibilidades de adaptação, tecnologias ambientais e biotecnologias, bioenergia, o comportamento de produtos químicos no ambiente, o seu efeito sobre a saúde, modelização e questões sócio-científicas. A sua diretriz: a nossa investigação serve à utilização sustentável de recursos naturais e ajuda a assegurar a longo prazo estas bases naturais da vida sob a influência da mudança global. O UFZ ocupa nas localizações de Leipzig, Halle e Magdeburg 930 trabalhadores e é financiado pela confederação, bem como pela Saxônia e pela Saxônia-Anhalt.

A Comunidade Helmholtz contribui para o solucionamento de questões urgentes e de grande importância da sociedade, da ciência e da economia através de excelências científicas em seis áreas de investigação: energia, terra e ambiente, saúde, tecnologias chave, estrutura da matéria, trânsito e espaço interplanetário. Com 27.000 trabalhadoras e trabalhadores em 15 centros de investigação e um orçamento anual de cerca de 2,5 bilhões de euros, a Comunidade Helmholtz é a maior organização científica da Alemanha. O seu trabalho está centrado na tradição do grande cientista natural Hermann von Helmholtz (1821-1894).